Separação
É estranho quando a linguagem entre os corpos continua em sincronia, mas as mentes não mais. No plano do pensamento as diferenças não encontram um meio termo, um lugar para ambas se acomodarem e gozarem de relativa tranqüilidade. Quando unidos, os corpos conhecem os segredos escondidos entre a pele e os ossos. Mesclam-se com a maior desenvoltura e intimidade. A carência e o desejo emanam calor num abraço terno. Complementam-se como num bonito balé entre o vento e o mar. As bocas se unem. O magnetismo está presente e atuante. Os cheiros se misturam, formando um novo e erótico odor. Os corpos se entrelaçam, se unificam, não se sabe onde começa um e termina o outro.
Mas na ausência do encontro corpóreo, a mente é inundada por pensamentos nefastos e destrutivos, dor e sofrimento são inconvenientes companhias. Os minutos de solidão tornam-se torturantes. Uma eterna desconfiança insiste em sussurrar ao ouvido, a ponto de enlouquecer. A mente desenvolve uma poção, cujo ingrediente principal é a paranóia e só há um antídoto para saná-la, e este antídoto é o outro, com seu corpo, sua presença e sua voz! Ou qualquer coisa que o corporifique, arrancando o ser do mundo da fantasia e da loucura. Entregando-o novamente à realidade.
Hoje és observado de longe... com a calma de quem observa o fogo sem colocar as mãos em suas labaredas. Apenas aquecendo-se enquanto pensa... pensa... aproveitando-se desse breve e pacifíco reencontro consigo mesmo.
1 Comentários:
porra, adorei, mesmo. super poético, inclusive.
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