Fatale
Certo dia confessou-me com orgulho seus traumas de infância, que sua mãe, antes de deixá-la no orfato, mentiu à menina, dizendo que ela era hemafrodita na tentativa de minar sua auto-estima. Lá foi vítima de inúmeras gozações dos coleguinhas.
Dona de indubitável beleza e desprovida de masculinidade, chegou na puberdade sem deixar dúvidas de que era uma mulher com M maiúsculo, arrebatando corações e enchendo de amargura as menininhas orfãs por ela apaixonada.
Assim seguiu, com sua flamejante vivacidade e esperteza, alheia aos traumas de infância, com a convicção reservada somente aos dotados de QI superior. Nem sequer a cicatriz em seu rosto fora suficiente para eclipsar seu brilho.
Não tardou a conhecer Chirsta Maria e logo entrou para o serviço secreto, demonstrando assim sua vocação nata para o extraordinário e seu gosto por um estilo de vida perigoso. Assim nascia a hemafrodita, mas ao contrário de dois sexos, possuia duas personalidades: a atriz e a espiã. Encenando-as a seu bel prazer.